segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Censo 2010 deverá confirmar tendências demográficas conhecidas

Começou no último mês de agosto a coleta dos dados populacionais do 12º recenseamento demográfico a ser realizado pelo Brasil. Quando os dados mais gerais – população total e população por regiões e estados – forem divulgados, serão confirmadas e detalhadas algumas tendências demográficas já bastante conhecidas. Além do Censo, que é decenal, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) produz anualmente a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), uma fonte de importantes informações no período intercensitário.
Uma primeira e óbvia constatação do censo será a continuidade do crescimento da população do país, o que se verifica desde o primeiro recenseamento nacional, ainda no Império, em 1872. As estimativas evidenciam que o número de brasileiros, em 2010, alcança a marca aproximada de 195 milhões – cerca de 25 milhões mais que a população recenseada em 2000. A população absoluta é quase 20 vezes maior que aquela registrada pelo censo pioneiro. Ao longo do século XX, o contingente demográfico do Brasil foi acrescido em mais de 150 milhões de pessoas. Dois terços desse total nasceu nos últimos 50 anos.
Se compararmos o aumento numérico da população brasileira nesta primeira década do século XXI com a população total dos quase 200 países do mundo atual, constataremos que a cifra de 25 milhões é superior ao efetivo populacional de pelo menos 150 nações. Nas Américas, apenas seis países – Estados Unidos, México, Canadá, Argentina, Colômbia e Peru – apresentam um população total superior a 25 milhões de habitantes.
O Brasil é atualmente o quinto país mais populoso do mundo, superado apenas pela China (1,3 bilhão), Índia (1,2 bilhão), Estados Unidos (300 milhões) e Indonésia (240 milhões). Em função da dinâmica demográfica específica de cada país, nas próximas décadas ocorrerão mudanças nesse ranking. Assim, por volta de 2035, a Índia ultrapassará a China, tornando-se o país mais populoso do mundo. No horizonte de 2050, o Brasil será ultrapassado por Paquistão, Bangladesh e Nigéria.
Não faz muito tempo que se acreditava que o Brasil atingiria a cifra de 200 milhões de habitantes antes do ano 2000. Isso, contudo, só ocorrerá um pouco antes de 2015. No início da década de 1960 ainda não se vislumbravam os efeitos da transição demográfica que acompanhou o processo de modernização econômica e social do país. Levando-se em consideração que, atualmente, o saldo migratório é quase insignificante e que será mantida a tendência à redução do crescimento vegetativo, pode-se prever o início da redução da população total brasileira para algum ponto entre 2040 e 2045.
O cenário de distribuição da população pelas regiões brasileiras também não trará surpresas. As cinco grandes regiões do país conhecerão incremento demográfico e, em todas elas, o ritmo do crescimento vegetativo continuará apresentando redução significativa. A posição de cada uma das regiões no ranking populacional do país seguirá inalterada em relação aos censos anteriores. O Sudeste, com pouco mais 42% da população total, continuará sendo a região mais populosa, seguida do Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste. As duas últimas regiões, onde encontram-se importantes fronteiras de recursos, continuam atraindo migrantes de outras regiões do país. Por conta disso, são elas que apresentam aumento sistemático de participação na população total do país.
Os estados de maior população permanecerão sendo São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Paraná – que, juntos, abrigam cerca de 60% dos habitantes do país. Há uma hipótese curiosa, a ser testada. No horizonte de 2020, o Sudeste, especialmente o Rio de Janeiro, talvez conheça alguma ampliação marginal na participação na população total do país, em decorrência tanto de eventos como a Copa do Mundo (2014) e a Olimpíada (2016) quanto dos expressivos investimentos previstos para a exploração do pré-sal.