segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Muro de Berlim - 20 anos do seu fim.

Desde o fim da Segunda Guerra, Berlim havia se consolidado como o principal palco de atuação das maiores potências em confronto durante a Guerra Fria. A cidade era usada como área em que Estados Unidos e União Soviética testavam suas políticas internacionais, pressionando o adversário e estudando a resposta inimiga.

Bem antes da separação com cercas de arames farpados e da construção do muro, Berlim Ocidental já tinha sofrido as conseqüências de um maior desenvolvimento econômico. O crescimento industrial de todo o lado ocidental era alto, chegando à ordem de 15% ao ano nos anos 1950, mas, antes disso, ainda em 1948, a área de influência de EUA, Inglaterra e França adotou uma nova e mais forte moeda, o marco alemão. Em resposta, em 24 de junho, um dia depois da reforma monetária, os soviéticos bloquearam todas as vias de acesso à cidade.

O Bloqueio de Berlim foi um dos primeiros eventos de grande relevância da Guerra Fria. Todas as ligações ferroviárias e rodoviárias para a cidade de dois milhões de habitantes (do lado ocidental) foram cortadas, e até o abastecimento de energia elétrica foi interrompido. Os governos ocidentais, entretanto, abraçaram a causa dos berlinenses como símbolo do bloco capitalista do conflito não-declarado contra os comunistas.

Evitando abrir uma guerra contra a União Soviética, iniciaram uma enorme operação aérea para abastecer a cidade usando aviões. Em pouco tempo, mais de 70 mil toneladas de alimentos eram desembarcadas nos aeroportos do lado ocidental de Berlim por mês, o que aumentou a admiração pelos Estados Unidos na cidade, e aproximou o Ocidente da Alemanha. O bloqueio durou menos de um ano, mas foi o primeiro sinal da divisão que a cidade enfrentaria até novembro de 1989, quando o muro de Berlim foi derrubado e deu início à reunificação da Alemanha.

Esta vale a pena.



Com base no texto, no mapa, no gráfico e nos conhecimentos sobre a distribuição das
chuvas e a localização das grandes áreas desérticas e semi-desérticas do planeta, pode-se
concluir:
(01) A latitude, a distância do oceano, a ação do relevo e o efeito das correntes marítimas são fatores que influenciam a distribuição geográfica das chuvas no globo terrestre.
(02) A variação do volume de evaporação é duas vezes mais intensa sobre os continentes do que sobre os oceanos, tornando as águas continentais as principais responsáveis pela estabilidade ou instabilidade da atmosfera em toda a sua área de influência.
(04) A incidência maior das chuvas, do ponto de vista latitudinal, ocorre na faixa equatorial e em dois máximos secundários nas latitudes médias, relacionados com as áreas de baixa pressão.
(08) As áreas menos chuvosas ocorrem nas latitudes em torno de 30º, nos dois
hemisférios, bem como nos pólos (Norte e Sul), correspondendo às zonas de alta
pressão.
(16) No sentido longitudinal, observam-se diferenças entre os litorais ocidentais, que são mais chuvosos nas proximidades dos trópicos, e os orientais, onde ocorre
exatamente o contrário.
(32) As correntes marítimas quentes estabilizam o ar e são responsáveis pelo surgimento dos desertos, enquanto as correntes frias, favorecendo a evaporação e a
condensação, produzem climas chuvosos.
(64) A circulação oceânica transfere, através das correntes marítimas, grandes massas de água fria para as regiões tropicais e de água quente para as médias e as altas latitudes, concorrendo para o equilíbrio térmico do globo e influenciando na
distribuição das chuvas e, conseqüentemente, no clima do planeta.

Dicas do Bartinho para as provas da UFBA

Dica 1
Começamos as dicas de Geopolítica para a primeira fase da FUVEST com uma visão de conjunto, pelo caráter da prova - que é uma visão mais geral. Eu creio que é importante chamarmos a atenção para os aspectos da chamada nova ordem mundial. Esta foi anunciada em 1989, logo após a queda do muro de Berlim e foi marcada por uma grande euforia naquele momento - e por um grande otimismo.

A queda do muro está próxima de completar dez anos, e o balanço que se faz é o de que na verdade, ao invés de termos uma ordem mundial marcada pela paz, o que nós temos hoje é uma nova desordem mundial - haja vista os diversos problemas, sejam étnicos ou nacionalistas, que surgiram tanto na Europa e na América quanto na África.

Essa nova ordem mundial é fortemente marcada pela entrada em cena do neoliberalismo, que veio afetar as economias européias e dos países desenvolvidos, atacando principalmente o Estado do bem estar social. E aí nós tivemos essa "economia-cassino" da desregulamentação financeira que levou a diversas crises, entre as quais a crise asiática, a da Rússia e a da América Latina.

Portanto hoje, essa globalização econômico-financeira, como marca distintiva da nova ordem mundial, marcada pela especulação, se vê na verdade marcada por uma nova desordem mundial. Eu creio que o vestibular deve abordar, por uma prova mais de conjunto, por uma visão de caráter mais abrangente, os principais aspectos da nova ordem. Em resumo esses aspectos seriam: o fim da guerra fria, o neoliberalismo que o marca, a formação de blocos econômicos e, ao mesmo tempo, ao invés de paz, nós temos um aumento dos conflitos e das contradições no cenário internacional.

Dica 2
A segunda dica é sobre comércio internacional. Desde 1995 a Organização Mundial do Comércio substitui o Acordo Geral de Tarifas, o GATT, que foi estabelecido em 1948. A OMC trata hoje tanto do comércio como da circulação de bens e serviços. O comércio internacional, regulado pela OMC, é marcado por um novo avanço dos países da tríade Estados Unidos-Europa-Japão.

Temos aí uma reemergência da posição dos Estados Unidos para tentar liderar e buscar mercados em todo o planeta. Mais especificamente na América Latina, nós temos a participação e a tentativa dos Estados Unidos de estender o seu acordo, o Nafta (acordo comercial entre México, Estados Unidos e Canadá), para toda a América através da ALCA (Área de Livre Comércio das Américas).

A OMC foi marcada pela retomada da pax (paz) americana e pela tentativa de se impor um tipo de doutrina Clinton, em que os mercados para seus produtos e as empresas norte-americanas seriam extremamente vitais para o crescimento e a retomada norte-americana no cenário internacional.
Ainda sobre o comércio internacional, vale destacar a lei que os Estados Unidos criaram em 1996 a lei Elmes-Burton, que aumenta o embargo econômico a Cuba, iniciado em 1962. Seus autores queriam privilegiar apenas os produtos norte-americanos e fechar a ilha, ou então operar uma transição em Cuba, na qual os norte-americanos pudessem tirar toda a vantagem.

Em resumo, o comércio internacional, regulado pela OMC, tendo na sua liderança os Estados Unidos, é um jogo que favorece os países ricos, os países mais fortes, em detrimento dos países mais pobres.

Dica 3
Vamos abordar a questão nuclear no planeta, que voltou a ser assunto nos principais jornais após a detonação das bombas atômicas por parte da Índia e do Paquistão. Vale lembrar que a questão nuclear iniciou-se em 1945, quando o Estados Unidos detonaram sobre o Japão duas bombas atômicas. O bombardeio de Hiroshima e Nagasaki deu início à chamada corrida armamentista, através do desenvolvimento de armas de destruição maciça, os armamentos nucleares.

Nós sabemos que durante toda a era da guerra fria, que se estende de 1945 até 1989, o mundo viveu sob o terror dos armamentos atômicos. Um dos traços da chamada nova ordem mundial, iniciada com a queda do muro de Berlim, seria o afastamento do perigo nuclear. De fato, a pax atômica encerrou-se, porém a retomada de testes nucleares por parte da China, assim como da própria França - já em 1995 - e mais recentemente por parte da Índia e do Paquistão, trazem de novo o medo do perigo nuclear para todo o mundo.

Quanto ao Brasil, é importante destacarmos que neste ano de 1998 o Congresso ratificou o TNP, o Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares, em vigor desde 1970. Ao assinar, o país mais uma vez confirmou o afastamento desse perigo para a América Latina.

Vale ressaltarmos que embora os países estejam numa época supostamente livre da guerra fria, os armamentos atômicos ainda são uma forma de pressão. A Índia busca, através da explosão de bombas, não só se fortalecer contra seu arquirival, o Paquistão, mas ao mesmo tempo tentar conseguir um lugar numa nova ordem internacional. Esperamos que essa questão nuclear não seja a maneira definitiva para a Índia conseguir o seu lugar entre o concerto da nações.

Dica 4
Esta dica é sobre o papel da ONU e os problemas mundiais. Nós sabemos que terminada a Guerra Fria, foi depositada sobre a ONU uma grande esperança de que ela viesse a mediar os conflitos mundiais e que, portanto, cumpriria o seu papel, que é o de estabelecer a paz mundial.

Na década de 90, mais precisamente desde 1992, a ONU passou a realizar as chamadas megaconferências para tratar de problemas que não dizem respeito apenas a um ou outro país, mas são problemas globais - os chamados temas globais. Para isso ela realizou seis megaconferências: em 1992 para tratar de meio-ambiente; 1993 para tratar de direitos humanos; 1994 para tratar de populações; 1995 sobre a pobreza; 1996 sobre o habitat e assentamentos humanos.

Dentre esses vários problemas que estão colocados para a ONU, eu chamaria o destaque para este ano, quando se completam 50 anos da carta dos direitos humanos. O desrespeito aos direitos humanos é um problema dos mais graves. Em específico, eu chamaria a atenção para uma questão que a UFBA ainda não abordou, que é o tema dos refugiados. Um tema extremamente contemporâneo, já que cerca de 50 milhões de pessoas estão vivendo fora de seus países. Dentro deles, ficavam numa situação extremamente delicada, inclusive com risco de vida. Os países do norte vêm negando, cada vez mais, a entrada de refugiados em seus territórios.

E a ONU vê o seu papel diminuído pela falta de verba dos países que contribuem com ela, ainda que existam grandes problemas a serem tratados. Em resumo: a questão dos refugiados, hoje, é um problema central na ordem internacional.

Dica 5
A quinta dica diz respeito aos Estados Unidos. Nós sabemos que em 1898 os Estados Unidos se lançaram como potência mundial; passaram por este século consolidados - principalmente a partir da Segunda Guerra - como potência mundial e como superpotência hegemônica no planeta hoje, podemos dizer assim.

Os Estados Unidos revêem o resto do tabuleiro mundial e se perguntam: quais são os desafios? A Rússia está extremamente debilitada - não só pelas crises financeiras, mas também pela atuação das máfias internas. A Europa instável, com a proximidade da Rússia; a Ásia se vê às voltas com a suposta ascensão da China e agora com os armamentos atômicos da Índia e do Paquistão; a África extremamente desestabilizada, pelos vários conflitos étnicos.

Vale chamar a atenção ainda para o fato de que os EUA criaram, como já chamamos a atenção, uma relação com o mundo, neste final de século, que parece ser o de reestabelecer uma Pax americana, ou seja, sua hegemonia no planeta como um todo e daí tirar os proveitos não só na área comercial, mas na área diplomática e na área militar. Em suma, o papel dos EUA hoje no mundo, diferentemente de 1990, não é de declínio, mas parece apontar para uma retomada da hegemonia americana em todas as áreas do planeta, mais especificamente na Ásia, no Oriente Médio e recentemente na América Latina.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O novo ENEM

O ministro da Educação, Fernando Haddad, vai anunciar hoje a mudança definitiva do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A prova inovou ao cobrar competências e habilidades, de uma maneira interdisciplinar, ao ser feita pela primeira vez em 1998. A ideia agora é que o exame cobre também o conteúdo que deveria ter sido aprendido no ensino médio. Com isso, ele passaria a ser usado como a primeira fase dos vestibulares das 55 universidades federais do País.

Fora a mudança no formato, a novidade é o fato de uma prova só selecionar candidatos para todas as federais, poupando tempo e estresse dos vestibulandos. A inspiração é o SAT, aceito em todas as universidades americanas e que pode ser feito várias vezes ao ano. O aluno envia para a instituiçao em que pretende estudar a melhor de suas notas.

Aqui, também se pensa em oferecer o Enem não só uma vez por ano, o que acabaria de vez com a maior característica do vestibular brasileiro: hoje, uma só prova muitas vezes é decisiva para o futuro de milhares de jovens.

As universidades federais ainda discutem se aceitam ou não a proposta do MEC de mudança do vestibular. O ministro, no entanto, resolveu remodelar o Enem de qualquer jeito, numa tentativa de forçar a aprovação da proposta de novo vestibular pelas federais. Segundo estimativas do ministério, 35 delas já estariam dispostas a dizer "sim" ao ministro

O novo Enem deve passar a ter 200 questões (hoje são 63). A prova seria feita em outubro, em dois dias, e não mais em agosto, como sempre ocorreu. Seriam quatro partes: linguagens, matemática, ciências naturais (química, física, biologia) e ciências humanas (história, geografia, filosofia, sociologia).

sexta-feira, 20 de março de 2009

O Líder e a História - Demetrio Magnoli

Joseph Stalin, o “guia genial dos povos”, governou a URSS durante quase três décadas, entre 1924 e 1953. Adolf Hitler, o Fuhrer, conduziu a Alemanha desde 1933 até a catástrofe nacional, que coincidiu com a imolação pessoal, em 1945. Benito Mussolini, o Duce, liderou a Itália por mais de 20 anos, até a execução e exposição de seu cadáver em praça pública. Mao Tsé-tung, o “farol da revolução”, reinou no antigo Império do Centro durante 27 anos. Kim Il-sung, o “eterno presidente”, mandou na Coréia do Norte ao longo de 45 anos e, antes de morrer, transmitiu o poder a seu filho. Fidel Castro, o “comandante”, ultrapassou todos os demais, atormentando os cubanos por meio século antes de transmitir o cargo a seu irmão. Hugo I, da Venezuela, propõe-se a conduzir pessoalmente sua revolução até 2030, quando estaria com 76 anos e ultrapassaria a marca de três década no poder.
No plano imaginário, o Líder deve eternizar-se no poder pois é detentor de um tipo particular de carisma. Ele tem uma sabedoria indefinível, mas superior à dos demais: um pacto secreto com a História e uma consciência especial do destino de uma nação ou de toda a humanidade. “Chávez une o que é diverso: o povo”, explica Aristóbulo Istúriz, dirigente do PSUV, o partido chavista. O Líder é infalível.
No plano político, a perpetuação do Líder funciona como solução para a carência de regras de sucessão típica dos regimes revolucionários. Como o sistema político fecha-se em torno do partido da revolução, a competição pelo poder degrada-se em conspirações no interior do círculo dirigente. Para evitar a crônica instabilidade, em nome de uma ordem duradoura, o Líder governará até morrer. Nas palavras de Istúriz: “Na Venezuela, não há período de governo normal, tradicional. Não há programa de governo, e sim processo revolucionário. Isso requer tempo.” Sim: muito tempo.
Para os revolucionários, História se escreve com maiúscula. Os democratas escrevem história com minúscula. A democracia sustenta-se sobre uma convicção negativa: a idéia de que a história não tem “leis” nem destino. A metáfora do “trem da História” expressa a crença dos revolucionários na existência de uma ordenação da aventura humana cuja fonte é natural, econômica ou divina. Esta crença confere-lhes uma chave mágica dos portais do futuro e o lugar político especial de partido que fala em nome do progresso. A oposição a tal partido representa uma negação das “leis da História”, um desvio que deve ser banido. Na democracia, pelo contrário, vigora o consenso de que a história não se dirige a nenhum lugar particular. Dele decorrem a crença de que ninguém detém uma verdade superior e o princípio pelo qual todos os partidos têm o direito legítimo de almejar o governo. A Venezuela encontra-se num ponto decisivo da transição entre a democracia e a tirania revolucionária.
O referendo venezuelano chamou os cidadãos a dizer se aprovavam uma emenda que “amplia os direitos do povo”, permitindo a reeleição indefinida. O ministro Celso Amorim, vergonhosamente, defendeu a natureza democrática da emenda chavista. Mas democracia não é igual a vontade da maioria. Democracia é o regime que exprime a vontade da maioria pela mediação das instituições representativas, conserva o equilíbrio de poderes e preserva as liberdades públicas e os direitos da minoria. A vontade da maioria, sem as demais qualificações, é o fundamento da tirania. A passagem da democracia para a tirania se dá pela extinção do Estado como ente público. No caso dos regimes revolucionários, o Estado é convertido em apêndice do partido da revolução – e em instrumento da vontade do Líder
As democracias protegem-se da subordinação das instituições públicas a um Líder pela limitação do direito à reeleição, uma garantia da alternância de dirigentes no poder. Mas, por si mesma, a aprovação da emenda que permite a reeleição indefinida não significa a implantação de uma tirania. A democracia estiola-se na Venezuela porque o Estado transforma-se em patrimônio de uma corrente política particular. O resultado do referendo reflete a identificação crescente do Estado com o PSUV.
No país de Chávez, a presidência controla o parlamento, o judiciário e a comissão eleitoral. Os militares fazem a saudação chavista. O presidente da República é o presidente do PSUV. Os ministros são altos dirigentes do partido. Os funcionários públicos são compelidos a agir como ativistas do partido. A polícia reprime manifestações da oposição. Os recursos públicos financiam os “coletivos”, grupos de militantes partidários que atuam em projetos sociais, nas periferias, e como milícias de choque oficialistas, atemorizando opositores. Capturado pelo chavismo, o Estado perde seu caráter público.
Segundo Chávez, o referendo é parte de “uma nova doutrina constitucional que tem como vanguarda a Venezuela”. Processos plebiscitários costumam acompanhar a implantação das tiranias. Governos democráticos e ditaduras em crise terminal podem perder plebiscitos, mas regimes revolucionários não os perdem pois o Estado não será derrotado no jogo em que é parte e juiz. Depois do fracasso no referendo de 2007, Chávez aprendeu o segredo para vencer disputas plebiscitárias. Basta introduzir a violência de Estado na equação política, esvaziando de conteúdo as regras que asseguram as liberdades públicas. A democracia não tem lugar no “terceiro ciclo da revolução bolivariana”.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Acesse - Vale a Pena

http://coc-news.com/infograficos/animation/AfeganistaoEUAPT1802/indexl.html


http://coc-news.com/infograficos/animation/AfeganistaoEUAPT1802/index1.html

quarta-feira, 11 de março de 2009

Conflitos no antigo espaço soviético

Enquanto existiu, a URSS foi o maior país do mundo em extensão. Com cerca de 22,5 milhões de km2, seu território se estendia do Báltico ao Pacífico e do Oceano Ártico até quase ao Oceano Índico, englobando parte considerável do continente euro-asiático.
Ao se desintegrar, deu origem a 15 novos Estados que eram anteriormente as repúblicas que formavam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nesse novo desenho geopolítico, uma das novas repúblicas, a Federação Russa, herdou cerca de 75% do território do antigo país e também metade dos quase 280 milhões que compunham o efetivo populacional, assim como grande parte dos recursos e da estrutura militar da URSS.
A Rússia herdou também uma série de problemas no relacionamento político e econômico com vários dos novos países que se formaram, muitos deles com expressivas minorias russas em seu interior, das quais o governo russo se julga protetor.
Não é de hoje que os russos consideram que suas fronteiras estratégicas estão além de suas fronteiras políticas. Por isso, os líderes da Rússia atual, assim como os da antiga URSS, continuam considerando as antigas repúblicas soviéticas como fazendo parte de sua histórica zona de influência geopolítica.
Dessas repúblicas, as únicas que escaparam da influência russa foram os Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), que atualmente são membros tanto da União Européia, quanto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança político militar liderada pelos Estados Unidos. Outras, como a Ucrânia e a Geórgia vêm tentando, escapar a essa esfera de influência, apesar das intensas pressões do governo russo.
Além disso, a Rússia também possui problemas internos, decorrentes de sua estruturação político-administrativa e de sua heterogeneidade étnica. A Federação Russa é uma complexa obra de engenharia política formada quase por uma centena de unidades administrativas (repúblicas, regiões autônomas e administrativas, províncias, distritos autônomos, além de Moscou e São Petersburgo que têm estatus especial).
A maioria desses limites internos foi estabelecido tentando levar em conta as áreas dos diferentes grupos étnicos que formam a população do país. Deve-se lembrar que, apesar dos indivíduos de origem russa serem majoritários, cerca de 80% da população total, eles convivem, nem sempre pacificamente, com integrantes dos mais 100 grupos étnicos reconhecidos no país.
Como em parte considerável dos casos os limites internos da Federação foram impostos de forma autoritária, vários grupos étnicos não se satisfizeram com os territórios a eles destinados. Em certos casos, essa insatisfação ficou latente; noutras, porém, ela se manifestou através de tensões e conflitos.
Uma das regiões da antiga URSS aonde recentemente vêm ocorrendo tensões e conflitos internos além de confronto entre países é a região do Cáucaso.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Provas comentadas da UNICAMP e simulados da FUVEST - Acesse o Link

www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/vest_ant.html

www.fuvest.br/simula/simula.stm

domingo, 1 de março de 2009

This is Zimbabwe

Inflação do Zimbábue pode ter superado 89 sextilhões por cento, diz instituto

O Zimbábue, pequeno país africano situado no sul do continente, ganhou espaço na imprensa mundial nos últimos anos por uma série de motivos: a tentativa de retirar do poder o ditador que governa o país há 29 anos, as condições de vida degradadas da população devido a uma crise econômica crônica e a desvalorização acelerada da moeda, que gera notas que podem valer até 100 trilhões de dólares zimbabuanos (Z$).
Alguns exemplos:
Um pão, custa Z$ 1 bilhão no país.
Quando se sai de manhã o preço da passagem está em, digamos, Z$ 50 milhões. Na volta, à tarde, pode estar em Z$ 200 milhões. Eu juro que não sei como as pessoas faziam nessa situação.
Numa tentativa de evitar os valores estratosféricos da moeda, por duas vezes o governo cortou os zeros da divisa, mas a tentativa não teve sucesso e culminou no lançamento de uma nota de 100 trilhões de dólares em janeiro.
No início de fevereiro, mesmo com todos os cortes promovidos pelo governo, cada dólar americano valia 12,3 bilhões de dólares zimbabuanos.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Vale a pena


A história é sobre uma das passagens mais heróicas da Segunda Guerra Mundial, mas também uma das mais desconhecidas. Gravemente ferido em combate, o coronel alemão Claus von Stauffenberg (Tom Cruise) retorna para a África para se juntar à resistência alemã e ajudar a criar a Operação Valkyrie, um complexo plano que irá permitir a substituição de Hitler no poder assim que ele estiver morto. O destino e as circunstâncias fazem com que Stauffenberg se torne uma peça central na missão. Ele não só tem que liderar o golpe e tomar o controle do governo de seu país, como fica encarregado de matar Hitler com as próprias mãos.

Excelente artigo do Mestre Demétrio Magnoli

Desiguais perante a lei
Demétrio Magnoli

Raça é o grupo populacional que se distingue no interior da espécie por características que variam abruptamente, ou seja, sem formas intermediárias. Na natureza, as raças se formam, geralmente, em decorrência do isolamento geográfico de populações. A Genética provou que a espécie humana não se divide em raças.

As características das populações humanas – como a cor da pele – não variam de modo abrupto, mas gradativo. As migrações humanas, que começaram há 100 mil anos, evitaram o isolamento geográfico de populações e a configuração de raças. Sérgio Danilo Pena, pesquisador que participou do projeto Genoma Humano, explicou: “Eu, que sou branco, sou geneticamente tão diferente de uma outra pessoa branca quanto de um negro africano. Se eu tiver acesso às ‘impressões digitais’ do DNA de dez europeus, dez africanos, dez ameríndios e dez chineses, não vou saber quem é de qual grupo. Todo mundo é diferente!”

As “raças humanas” foram inventadas pelo racismo. O racismo “científico” desenvolveu-se no século XIX, oferecendo solução para o problema (que não existia antes do Iluminismo) de justificar a escravidão e a opressão colonial num mundo impregnado pela noção da igualdade natural entre os seres humanos. A fraude científica do racismo permitia conciliar a idéia de que “todos nascem livres e iguais” com a convicção da inferioridade intelectual de negros, ameríndios ou amarelos.

A luta pelos direitos civis nos Estados Unidos baseou-se na afirmação da igualdade política. Luther King sonhava com o dia em que as pessoas fossem julgadas “pelo seu caráter e não pela cor da sua pele”. Mas, depois de derrotada a discriminação oficial, aquele movimento se desviou para o caminho da Ação Afirmativa, que renega o sonho de Luther King e substitui a meta da conquista de serviços públicos de qualidade para todos por privilégios seletivos baseados no critério da cor da pele.

No Brasil, a Ação Afirmativa está prestes a ganhar o estatuto de política de Estado. Uma lei em tramitação vai assegurar cotas para negros na administração pública, nas universidades, no marketing e em outros setores. O princípio implícito que sustenta a política de cotas é o da divisão da humanidade em raças. A sua dinâmica é a da negação da igualdade política dos cidadãos, que é o fundamento da república e da democracia. O seu discurso legitimador organiza-se em torno da radicalização metafísica da noção de culpa coletiva.

Segundo esse discurso, as cotas destinam-se a reparar as injustiças cometidas pelos brancos contra os negros através do instituto da escravidão. Assim, brancos e negros são definidos em bases raciais e os representantes atuais da “raça branca” devem expiar a culpa de seus ancestrais de “raça”. A noção de culpa coletiva serviu, no passado, para justificar a opressão imposta a sociedades derrotadas em guerra. Mas sequer os vencedores das guerras chegaram a sugerir que a “culpa” dos derrotados pudesse se transferir para as gerações futuras. Por isso, a imposição de reparações sempre foi limitada a períodos curtos de tempo.

No Brasil, a política de cotas une negros e brancos, esquerda e direita. Os movimentos negros parecem satisfeitos com benesses para uma pequena parcela da classe média negra. Porto Alegre do PT e a Bahia de ACM, pioneiros das cotas, mostram o caminho: conceder empregos públicos ou vagas nas universidades para um punhado de negros custa pouco e faz barulho. A política de cotas destina-se a adiar para um futuro incerto os investimentos maciços em saúde, educação e emprego que interessam de fato aos negros (e brancos) pobres.

Demétrio Magnoli é doutor em Geografia Humana pela USP. Publicado na Revista Pangea em 13 de março, 2003.

Novo fuso do Brasil - Observe as mudanças