sexta-feira, 20 de março de 2009

O Líder e a História - Demetrio Magnoli

Joseph Stalin, o “guia genial dos povos”, governou a URSS durante quase três décadas, entre 1924 e 1953. Adolf Hitler, o Fuhrer, conduziu a Alemanha desde 1933 até a catástrofe nacional, que coincidiu com a imolação pessoal, em 1945. Benito Mussolini, o Duce, liderou a Itália por mais de 20 anos, até a execução e exposição de seu cadáver em praça pública. Mao Tsé-tung, o “farol da revolução”, reinou no antigo Império do Centro durante 27 anos. Kim Il-sung, o “eterno presidente”, mandou na Coréia do Norte ao longo de 45 anos e, antes de morrer, transmitiu o poder a seu filho. Fidel Castro, o “comandante”, ultrapassou todos os demais, atormentando os cubanos por meio século antes de transmitir o cargo a seu irmão. Hugo I, da Venezuela, propõe-se a conduzir pessoalmente sua revolução até 2030, quando estaria com 76 anos e ultrapassaria a marca de três década no poder.
No plano imaginário, o Líder deve eternizar-se no poder pois é detentor de um tipo particular de carisma. Ele tem uma sabedoria indefinível, mas superior à dos demais: um pacto secreto com a História e uma consciência especial do destino de uma nação ou de toda a humanidade. “Chávez une o que é diverso: o povo”, explica Aristóbulo Istúriz, dirigente do PSUV, o partido chavista. O Líder é infalível.
No plano político, a perpetuação do Líder funciona como solução para a carência de regras de sucessão típica dos regimes revolucionários. Como o sistema político fecha-se em torno do partido da revolução, a competição pelo poder degrada-se em conspirações no interior do círculo dirigente. Para evitar a crônica instabilidade, em nome de uma ordem duradoura, o Líder governará até morrer. Nas palavras de Istúriz: “Na Venezuela, não há período de governo normal, tradicional. Não há programa de governo, e sim processo revolucionário. Isso requer tempo.” Sim: muito tempo.
Para os revolucionários, História se escreve com maiúscula. Os democratas escrevem história com minúscula. A democracia sustenta-se sobre uma convicção negativa: a idéia de que a história não tem “leis” nem destino. A metáfora do “trem da História” expressa a crença dos revolucionários na existência de uma ordenação da aventura humana cuja fonte é natural, econômica ou divina. Esta crença confere-lhes uma chave mágica dos portais do futuro e o lugar político especial de partido que fala em nome do progresso. A oposição a tal partido representa uma negação das “leis da História”, um desvio que deve ser banido. Na democracia, pelo contrário, vigora o consenso de que a história não se dirige a nenhum lugar particular. Dele decorrem a crença de que ninguém detém uma verdade superior e o princípio pelo qual todos os partidos têm o direito legítimo de almejar o governo. A Venezuela encontra-se num ponto decisivo da transição entre a democracia e a tirania revolucionária.
O referendo venezuelano chamou os cidadãos a dizer se aprovavam uma emenda que “amplia os direitos do povo”, permitindo a reeleição indefinida. O ministro Celso Amorim, vergonhosamente, defendeu a natureza democrática da emenda chavista. Mas democracia não é igual a vontade da maioria. Democracia é o regime que exprime a vontade da maioria pela mediação das instituições representativas, conserva o equilíbrio de poderes e preserva as liberdades públicas e os direitos da minoria. A vontade da maioria, sem as demais qualificações, é o fundamento da tirania. A passagem da democracia para a tirania se dá pela extinção do Estado como ente público. No caso dos regimes revolucionários, o Estado é convertido em apêndice do partido da revolução – e em instrumento da vontade do Líder
As democracias protegem-se da subordinação das instituições públicas a um Líder pela limitação do direito à reeleição, uma garantia da alternância de dirigentes no poder. Mas, por si mesma, a aprovação da emenda que permite a reeleição indefinida não significa a implantação de uma tirania. A democracia estiola-se na Venezuela porque o Estado transforma-se em patrimônio de uma corrente política particular. O resultado do referendo reflete a identificação crescente do Estado com o PSUV.
No país de Chávez, a presidência controla o parlamento, o judiciário e a comissão eleitoral. Os militares fazem a saudação chavista. O presidente da República é o presidente do PSUV. Os ministros são altos dirigentes do partido. Os funcionários públicos são compelidos a agir como ativistas do partido. A polícia reprime manifestações da oposição. Os recursos públicos financiam os “coletivos”, grupos de militantes partidários que atuam em projetos sociais, nas periferias, e como milícias de choque oficialistas, atemorizando opositores. Capturado pelo chavismo, o Estado perde seu caráter público.
Segundo Chávez, o referendo é parte de “uma nova doutrina constitucional que tem como vanguarda a Venezuela”. Processos plebiscitários costumam acompanhar a implantação das tiranias. Governos democráticos e ditaduras em crise terminal podem perder plebiscitos, mas regimes revolucionários não os perdem pois o Estado não será derrotado no jogo em que é parte e juiz. Depois do fracasso no referendo de 2007, Chávez aprendeu o segredo para vencer disputas plebiscitárias. Basta introduzir a violência de Estado na equação política, esvaziando de conteúdo as regras que asseguram as liberdades públicas. A democracia não tem lugar no “terceiro ciclo da revolução bolivariana”.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Acesse - Vale a Pena

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quarta-feira, 11 de março de 2009

Conflitos no antigo espaço soviético

Enquanto existiu, a URSS foi o maior país do mundo em extensão. Com cerca de 22,5 milhões de km2, seu território se estendia do Báltico ao Pacífico e do Oceano Ártico até quase ao Oceano Índico, englobando parte considerável do continente euro-asiático.
Ao se desintegrar, deu origem a 15 novos Estados que eram anteriormente as repúblicas que formavam a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Nesse novo desenho geopolítico, uma das novas repúblicas, a Federação Russa, herdou cerca de 75% do território do antigo país e também metade dos quase 280 milhões que compunham o efetivo populacional, assim como grande parte dos recursos e da estrutura militar da URSS.
A Rússia herdou também uma série de problemas no relacionamento político e econômico com vários dos novos países que se formaram, muitos deles com expressivas minorias russas em seu interior, das quais o governo russo se julga protetor.
Não é de hoje que os russos consideram que suas fronteiras estratégicas estão além de suas fronteiras políticas. Por isso, os líderes da Rússia atual, assim como os da antiga URSS, continuam considerando as antigas repúblicas soviéticas como fazendo parte de sua histórica zona de influência geopolítica.
Dessas repúblicas, as únicas que escaparam da influência russa foram os Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), que atualmente são membros tanto da União Européia, quanto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança político militar liderada pelos Estados Unidos. Outras, como a Ucrânia e a Geórgia vêm tentando, escapar a essa esfera de influência, apesar das intensas pressões do governo russo.
Além disso, a Rússia também possui problemas internos, decorrentes de sua estruturação político-administrativa e de sua heterogeneidade étnica. A Federação Russa é uma complexa obra de engenharia política formada quase por uma centena de unidades administrativas (repúblicas, regiões autônomas e administrativas, províncias, distritos autônomos, além de Moscou e São Petersburgo que têm estatus especial).
A maioria desses limites internos foi estabelecido tentando levar em conta as áreas dos diferentes grupos étnicos que formam a população do país. Deve-se lembrar que, apesar dos indivíduos de origem russa serem majoritários, cerca de 80% da população total, eles convivem, nem sempre pacificamente, com integrantes dos mais 100 grupos étnicos reconhecidos no país.
Como em parte considerável dos casos os limites internos da Federação foram impostos de forma autoritária, vários grupos étnicos não se satisfizeram com os territórios a eles destinados. Em certos casos, essa insatisfação ficou latente; noutras, porém, ela se manifestou através de tensões e conflitos.
Uma das regiões da antiga URSS aonde recentemente vêm ocorrendo tensões e conflitos internos além de confronto entre países é a região do Cáucaso.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Provas comentadas da UNICAMP e simulados da FUVEST - Acesse o Link

www.comvest.unicamp.br/vest_anteriores/vest_ant.html

www.fuvest.br/simula/simula.stm

domingo, 1 de março de 2009

This is Zimbabwe

Inflação do Zimbábue pode ter superado 89 sextilhões por cento, diz instituto

O Zimbábue, pequeno país africano situado no sul do continente, ganhou espaço na imprensa mundial nos últimos anos por uma série de motivos: a tentativa de retirar do poder o ditador que governa o país há 29 anos, as condições de vida degradadas da população devido a uma crise econômica crônica e a desvalorização acelerada da moeda, que gera notas que podem valer até 100 trilhões de dólares zimbabuanos (Z$).
Alguns exemplos:
Um pão, custa Z$ 1 bilhão no país.
Quando se sai de manhã o preço da passagem está em, digamos, Z$ 50 milhões. Na volta, à tarde, pode estar em Z$ 200 milhões. Eu juro que não sei como as pessoas faziam nessa situação.
Numa tentativa de evitar os valores estratosféricos da moeda, por duas vezes o governo cortou os zeros da divisa, mas a tentativa não teve sucesso e culminou no lançamento de uma nota de 100 trilhões de dólares em janeiro.
No início de fevereiro, mesmo com todos os cortes promovidos pelo governo, cada dólar americano valia 12,3 bilhões de dólares zimbabuanos.