domingo, 22 de agosto de 2010

Uma nova regionalização para o Nordeste

Na tradição da Geografia regional do Brasil, o Nordeste possui quatro unidades subregionais: Zona da Mata, Agreste, Sertão e Meio-Norte (Transição para a Amazônia). Os nomes indicam que o critério utilizado na operação de regionalização sofreu forte influência da análise das características naturais, em especial as climato-botânicas, e das atividades econômicas históricas. Entretanto, nas últimas décadas, o Nordeste vem sofrendo os impactos do processo de globalização e conhecendo profundas transformações econômicas. Tais mudanças solicitam uma nova divisão subregional, capaz de captar o dinamismo recente e o caráter mais complexo e diferenciado de todo o espaço regional.
Diante do anacronismo da divisão tradicional, com base em dados e estudos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), órgãos do governo federal elaboraram uma nova divisão subregional. A proposta não deixou de levar em conta os critérios climato-botânicos, expressos pela permanência parcial dos nomes Mata, Agreste e Sertão. Mas ela acrescentou outros, como a subregião do Cerrado, e articulou também o “fator” hidrográfico, ressaltando o papel dos rios São Francisco e Parnaíba, que funcionam como elementos de identificação de espaços subregionais. O resultado são nove regiões geoeconômicas: Litoral-Mata, Pré-Amazônia, Parnaíba, Sertão Setentrional, Sertão Meridional, São Francisco, Agreste Oriental, Agreste Meridional e Cerrado.
O Litoral-Mata abrange áreas de todos os estados, numa faixa que engloba a “antiga” Zona da Mata mais o litoral setentrional do Nordeste. Ela compreende quase metade da população regional, é a mais importante das subregiões e gera quase dois terços do PIB nordestino. Nesta área localizam-se todas as capitais nordestinas, com exceção de Teresina, e também as maiores concentrações urbano-industriais – inclusive Salvador, Recife e Fortaleza, as três maiores regiões metropolitanas. O turismo é a atividade responsável pela atração de um número cada vez maior de pessoas e figura, ao lado de expressivos investimentos externos, como fonte do dinamismo econômico. A porção baiana do Litoral-Mata, onde estão o Pólo Petroquímico de Camaçari e o Distrito Industrial de Aratu, abriga quase 13% da população e gera mais de 20% do PIB regional.
A Pré-Amazônia se estende pela porção oeste do Maranhão e corresponde em grande parte ao “antigo” Meio-Norte. Ela abriga cerca de 6% da população e produz pouco mais de 3% do PIB regional. A baixa densidade econômica da área poderá ser dinamizada através da agricultura diversificada de grãos, fruticultura tropical (caju) e da recuperação e manutenção de pastagens. Há também possibilidades relacionadas à implantação de indústria florestal moderna e sustentável.
A subregião Parnaíba abrange áreas do Maranhão e o Piauí. É uma das menores sub-regiões, concentra 4,6% dos nordestinos e seu PIB equivale a pouco mais de 3% do total. O principal núcleo da área é Teresina, principal aglomeração urbano-industrial do interior nordestino.
O Sertão Setentrional é a mais extensa das subregiões, estendendo-se por áreas de todos os estados, à exceção do Maranhão, Bahia e Sergipe. É a segunda subregião mais populosa e gera o segundo maior PIB regional (8,3%). Existe na área uma clara distinção entre os “novos” e “velhos” Sertões. Os primeiros estão representados, por exemplo, pelas cidades cearenses de Sobral e Crato, onde se localizam modernas indústrias de calçados. Os segundos, pela agricultura e pecuária extensiva, atividades tradicionais do semi-árido.
O Sertão Meridional compreende apenas áreas da Bahia e Sergipe. A subregião concentra pouco menos de 6% da população e seu PIB não chega a 3% do total do Nordeste.
A subregião do São Francisco abrange áreas da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Abriga 4% da população e seu PIB equivale a 3,6% do total regional. Economicamente, é uma das subregiões com maior crescimento recente. A fruticultura irrigada de alto nível tecnológico tem nas cidades “gêmeas” de Juazeiro (BA) e, principalmente, Petrolina (PE) seus núcleos mais importantes. Pernambuco se tornou o segundo maior produtor de vinho do país.
O Agreste Oriental é a menor das subregiões, projetando-se por áreas do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas. É a terceira mais populosa e responsável por mais de 5% do PIB nordestino. Campina Grande (PB) e Caruaru (PE), as “capitais do Agreste”, com suas indústrias têxteis e de calçados e centros avançados de pesquisas, destacam-se como os mais importantes núcleos urbanos.
Já o Agreste Meridional se estende por parte dos estados de Sergipe e Bahia. Na subregião se encontra quase 8% da população e seu PIB equivale a 5,7% do total regional. Nesta área, destacam-se as cidades baianas de Feira de Santana e Vitória da Conquista.
A subregião do Cerrado abrange áreas da Bahia, Maranhão e Piauí. É segunda maior em extensão, a menos populosa, e a que possui menor participação no PIB (2,8%). Paradoxalmente, apresenta os maiores ritmos de crescimento nos últimos anos. A expansão da cultura mecanizada de grãos, especialmente soja e milho, acompanhada pela criação de bovinos, decorre da ação de empresários rurais transferidos do Sul e do Sudeste. As cidades de Barreiras e Luiz Eduardo Magalhães, na Bahia, Elizeu Martins, no Piauí, e Balsas, no Maranhão, são os pólos dessa área.

5 comentários:

Tayná Moreira disse...

muiiito bom o artigo, me ajudou muito na olimpíada !

Anônimo disse...

acho essa regionalização é muito pouco sintética..está mais para meso-regiões nordestinas e não para macro-regiões nordestinas..além disso essa região mata-litoral é ridicula..tudo bem que concentre isso e aquilo, mas se mesmo as capitais mais próximas dentre si pouco tem a ver, imagina só as mais distantes dentre si..comparando por exemplo capitais proximas tipo natal e joão pessoa, apesar do accent parecido quando comparado ao recifense, são civilizações que percorreram caminhos distintos até pela própria geograficidade divergente, mesmo com um padrão etnico parecido a exemplo de Fortaleza quando comparadas a Recife ou São Luís, etc..supondo que usemos a antiga como macro-regionalização, essa como meso, como seria uma micro-regionalização?..natal por exemplo ficaria na zona da mata setentrional, fortal no sertão setentrional costeiro, recife na zona da mata centro-oriental costeira, petrolina no ne central (deep hinterland), etc..

Anônimo disse...

realmente essa regionalização antiga é batida e ultrapassada..se baseia apenas em zonas de longitude e macro-biomas..não reflete a geodesia e nem a geo-historia de cada qual..na geopolitica natal está mais proxima de fortaleza, mas na regionalização antiga natal fica mais proxima de aracaju que de fortaleza..não faz muito sentido..

Anônimo disse...

o ne sulamericano é de complexa regionalização ao contrario dos que tentam resumi-lo a um só subtipo de estepe do deep hinterland central..isso por que não existe outra região com maior variação biomatica indo da amazonia e cerrado a estepe passando por agreste, zona da mata, brejo de altitude, restingas, pântanos e cia..nas demais regiões sempre há um bioma que domina vários factores e mesmo assim se subdividem por longitude e cia tipo amazonia ocidental e oriental, mais por interesse das metrópoles regionais neste caso (fortaleza ao emergir também criou o ne setentrional separando-se da zona de influencia do recife e ate avançando sobre esta no caso do rn e pb)..o facto de as subdivisões estaduais também não terem nada a ver com os subtipos de hinterlands e cia também contribui pra isso e é inegável o papel de cada subtipo deste nos demais factores resultantes; em estepes mais cristalinas notamos uma demografia mais rarefeita, pecuarista de menor porte, de clima menos quente que estepes mais baixas, porem de menor pluviosidade e por aí vai..o ne é complexo demais

Anônimo disse...

mim gostar de boceta